Pacientes relatam que terapia ajuda a esquecer a dor. Alguns até deixaram de tomar remédio. Em crianças, a música diminui de 4 a 10 dias o tempo de internação na unidade de tratamento intensivo.
A mistura de dor, depressão e o consumo constante de fortes analgésicos foram fatais para Michael Jackson. O ídolo americano talvez pudesse ter evitado o triste desfecho se tivesse aprendido a usar como remédio aquilo em que ele era um mestre: a música.
Veja outras terapias que ajudam a combater a dor
Música na vida da gente tem várias funções: vai da mais leve distração até a mais profunda emoção, toca na nossa mente, mexe com o nosso corpo. Ninguém é imune à música. Por isso, a musicoterapia é tão eficaz. Está com raiva da dor? Descarrega! A música é um afiado e afinado instrumento para enfrentar a vida e a morte.
O Conservatório Brasileiro de Música no Rio de Janeiro foi o primeiro do Brasil a formar terapeutas, ainda no início da década de 1970. Do popular "quem canta seus males espanta" a sofisticadas pesquisas, se descobriu a íntima relação entre coisas que são da mesma família: dor, sentimento, sensibilidade, emoção, música. Onde começa um e onde termina o outro? Ainda mais para o brasileiro, imerso em uma cultura tão musical, ali estava um bálsamo para o corpo e para a alma.
"Música é um remédio bom de se administrar porque é o próprio cliente que diz. Alguns pedem uma música alegre e resumem: qualquer uma do Roberto Carlos. A dor é muito solitária, e a musica traz companhia. A mais eficiente forma de despistar a dor é a música. Entre música e dor, o cérebro prefere música", diz a musicoterapeuta Marly Chagas.
Porque a escolha é fácil. A música nos derrete, amolece, mas é muito mais do que relaxamento: é compor, criar, cantar, dançar, tocar, participar. Para um grupo de pessoas, descobrir a música foi um santo remédio.
Em graus diferentes, a melhora é clara: da água para o vinho, do silêncio para uma sinfonia! O que era um coral de "ais" vira uma orquestra de bem-estar.
"É muito bom, ajuda sim. Quando a gente se encontra, já é uma festa. Então, aquilo faz com que a gente transcenda e esqueça a dor um pouquinho. A dor sempre está presente, mas temos um espaço muito grande de alívio. Para quem sente uma dor crônica, cinco horas de alívio são uma maravilha", diz o aposentado Moacir Domingos Vasconcelos.
"Agora fico quase um mês sem tomar remédio", comemora o aposentado José Valente Batista.
"Desde o dia em que fiz musicoterapia não senti mais dor e tenho dormido bem à noite", afirma a dona de casa Joana Martins Lisboa.
Para quem trabalha com musicoterapia, essa noção do antes e do depois mostra nitidamente a eficiência desse tratamento.
"Uma face modificada, um sorriso, é isso que nos dá ânimo e certeza de continuar. São esses resultados que nos fazem acreditar que a música é saúde, e a doença é uma dissonância", define a musicoterapeuta Kelly Fae.
A música nos toca em vários níveis, penetra os dois lados do cérebro: o consciente e o inconsciente. A mistura de harmonia, letra e melodia nas mãos, na voz de um terapeuta, é como um bisturi preciso, que faz o cérebro do paciente operar milagres.
"A pessoa chega e pede um louvor, muito pedido, que é muito sentido: 'Segura na mão de Deus'. Essa pessoa está muito grave. Qual é o sentido que precisa ser produzido? Então, cantamos: 'Segura na mão de Deus e vai. Não temas, segue adiante'. É confortante. Inclusive, usando todo o conhecimento que se tem do processo de morrer, é algo que pode auxiliar na entrega, na confiança de experimentar essa passagem, que eu não sei qual vai ser. No meio do tratamento, a mesma música, com outro arranjo, vira um triunfo: vai à luta", conta Marly Chagas.
Acompanhar o trabalho de musicoterapia no Instituto do Câncer é emocionante. Não existem palavras para descrever – e sim canções. E nessa hora se descobre o quanto Roberto Carlos é um doutor.
E a música acalma muito antes do que se imagina. É como se o bicho gente contasse com ela para crescer, está na nossa natureza.
"Na UTI neonatal, a música diminui de 4 a 10 dias o tempo de internação da criança. Ela age no sistema nervoso, é realmente incrível. A criança que está com dor é estimulável. Começamos com um ritmo mais animado. São músicas de improvisação, produzidas naquela relação. A equipe toda vem e fica com os olhos cheios d'água ao ver a reação da vida, a pulsação que a vida traz mesmo junto à dor", diz Marly Chagas.
É no despertar dessa vibração, desse instinto de vida, de luta e superação, que reside o poder da musicoterapia. E como dizia o velho sambista, para que rimar amor e dor?
"O sonho é de que, no futuro, haja música em todos os hospitais. Alguns hospitais em São Paulo têm a musicoterapia efetivamente implantada. Ea música é um recursos barato. E se ajuda a aliviar a dor e reduz o consumo de medicamentos, estamos falando de uma questão interessante do ponto de vista econômico. Acho que a música tem um caminho promissor para o cuidado da saúde da população brasileira", constata a pesquisadora Eliseth Leão, da Sociedade Brasileira do Estudo da Dor.
Que tônico, que fortificante, é para as pessoas doentes ouvir algo como "Eu sei que vou te amar. Por toda a minha vida eu vou te amar".
quinta-feira, 26 de novembro de 2009
quarta-feira, 25 de novembro de 2009
Magnetismo contra derramamentos de petróleo
O magnetismo pode se tornar um poderoso aliado na limpeza de águas contaminadas por derramamentos de petróleo. Pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) sintetizaram uma resina biodegradável, composta por substâncias extraídas da castanha-de-caju e da mamona e por um mineral, capaz de magnetizar e concentrar o óleo, o que pode facilitar sua remoção.
A resina é feita com cardanol e glicerol, extraídos respectivamente do líquido da castanha-de-caju e do óleo de mamona, matérias-primas abundantes no Brasil. As propriedades magnéticas do composto ficam a cargo da maghemita, mineral ferromagnético adicionado em frações nanométricas, o que potencializa suas características
Quando aplicada no ambiente em que há petróleo derramado, a resina atrai e concentra o óleo, reduzindo a área sobre a qual ele está espalhado. O composto é produzido na forma de pó, para que seja possível espalhá-lo por uma superfície maior. Para retirar a mistura de petróleo e resina da água, basta usar ímãs comuns, que interagem fortemente com o campo magnético da maghemita e atraem o material.
Segundo o coordenador da equipe que criou a resina, o químico Fernando Gomes, do Instituto de Macromoléculas da UFRJ, ainda não se sabe exatamente por que o composto tem esse efeito sobre o petróleo. A suspeita é que a explicação esteja na semelhança entre as estruturas do cardanol, do glicerol e do petróleo. “As substâncias se atrairiam não no sentido magnético, mas pela afinidade química”, explica Gomes. “Por isso, ocorreria a aglutinação do material.”
Alta eficiência
Em testes em laboratório, a equipe conseguiu remover 95% do petróleo jogado em um recipiente com água colocando uma quantidade de resina de 20 a 25 vezes menor que o volume de óleo. Se essa proporção for mantida em testes em escalas maiores, o composto poderá ser muito útil em grandes derramamentos. Gomes ressalta que o produto não pode ser empregado na extração de petróleo.
químico pretende agora identificar os mecanismos físico-químicos envolvidos na ação da resina sintetizada por sua equipe. Além disso, os pesquisadores irão estimar o custo da produção do composto.
Sobre a possibilidade de a resina deixar rastros de petróleo na água mesmo após o óleo ter sido removido, Gomes esclarece que não há como ter certeza absoluta. “O petróleo tem frações leves cuja solubilidade na água é considerável”, explica. “Se aconteceu o derramamento, haverá alguma contaminação em níveis abaixo da superfície”, alerta.
A resina é feita com cardanol e glicerol, extraídos respectivamente do líquido da castanha-de-caju e do óleo de mamona, matérias-primas abundantes no Brasil. As propriedades magnéticas do composto ficam a cargo da maghemita, mineral ferromagnético adicionado em frações nanométricas, o que potencializa suas características
Quando aplicada no ambiente em que há petróleo derramado, a resina atrai e concentra o óleo, reduzindo a área sobre a qual ele está espalhado. O composto é produzido na forma de pó, para que seja possível espalhá-lo por uma superfície maior. Para retirar a mistura de petróleo e resina da água, basta usar ímãs comuns, que interagem fortemente com o campo magnético da maghemita e atraem o material.
Segundo o coordenador da equipe que criou a resina, o químico Fernando Gomes, do Instituto de Macromoléculas da UFRJ, ainda não se sabe exatamente por que o composto tem esse efeito sobre o petróleo. A suspeita é que a explicação esteja na semelhança entre as estruturas do cardanol, do glicerol e do petróleo. “As substâncias se atrairiam não no sentido magnético, mas pela afinidade química”, explica Gomes. “Por isso, ocorreria a aglutinação do material.”
Alta eficiência
Em testes em laboratório, a equipe conseguiu remover 95% do petróleo jogado em um recipiente com água colocando uma quantidade de resina de 20 a 25 vezes menor que o volume de óleo. Se essa proporção for mantida em testes em escalas maiores, o composto poderá ser muito útil em grandes derramamentos. Gomes ressalta que o produto não pode ser empregado na extração de petróleo.
químico pretende agora identificar os mecanismos físico-químicos envolvidos na ação da resina sintetizada por sua equipe. Além disso, os pesquisadores irão estimar o custo da produção do composto.
Sobre a possibilidade de a resina deixar rastros de petróleo na água mesmo após o óleo ter sido removido, Gomes esclarece que não há como ter certeza absoluta. “O petróleo tem frações leves cuja solubilidade na água é considerável”, explica. “Se aconteceu o derramamento, haverá alguma contaminação em níveis abaixo da superfície”, alerta.
Plutão rebaixado a planeta anão

Os livros didáticos terão que excluir Plutão da lista de planetas do Sistema Solar. Cerca de 2500 especialistas reunidos em Praga na 26ª assembléia geral da União Astronômica Internacional (IAU, na sigla em inglês) acabam de chegar a um consenso quanto à nova definição de planeta. De acordo com a decisão, passa a existir também a categoria de “planetas anões”, da qual Plutão passa a fazer parte. Com isso, o Sistema Solar passa a contar com apenas oito planetas: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno.
De acordo com a nova definição, um corpo celeste tem que preencher três requisitos para que seja considerado um planeta: tem que estar em órbita em torno de uma estrela, ter a forma aproximadamente esférica e ser o astro dominante da região de sua órbita. “Ser o corpo mais importante de sua região significa que o planeta agregou a maior parte da matéria disponível ao seu redor no período de formação”, explica o planetólogo Sylvio Ferraz Mello, da Universidade de São Paulo. “Os outros oito planetas giram no mesmo plano e com órbitas parecidas, o que não acontece com Plutão.”
Com isso, Plutão deixa de ser considerado um planeta e passa a fazer parte da nova categoria de “planetas anões”. Além dele, outros dois corpos celestes se enquadram nessa classificação. O primeiro é o ex-asteróide Ceres, localizado no Cinturão de Asteróides (região do espaço entre Marte e Júpiter). Logo após sua descoberta, em 1801, foi considerado um planeta, mas os especialistas decidiram que ele não preenchia os pré-requisitos para ser assim classificado. O segundo é 2003 UB313, objeto com massa maior que a de Plutão, localizado no Cinturão de Kuiper.
Proposta alternativa
Os participantes da assembléia da IAU tiveram que escolher nesta quinta-feira entre duas definições para o conceito de planeta: uma que tirava de Plutão essa categoria e outra que não só ratificava seu status , como também aumentava o número de planetas do Sistema Solar para doze. Acabou prevalecendo a primeira.
Desde sua descoberta, em 1930, o status de Plutão dividia os astrônomos. Além de ser menor que os outros planetas, sua órbita não era feita no mesmo plano da de seus oito “ex-colegas”. A controvérsia sobre a definição do conceito de planeta ganhou novo fôlego há três anos, com a descoberta de 2003 UB313, astro maior que Plutão localizado no Cinturão de Kuiper (região do Sistema Solar além de Netuno) e ainda sem nome definido.
Até agora não havia uma definição formal: se o astro estivesse girando ao redor de uma estrela e sua imagem no céu fosse um disco, era considerado um planeta. No entanto, os avanços nos instrumentos astronômicos tornaram possível a observação de objetos cada vez menores em regiões longínquas no espaço, o que abriu um debate sobre o status de planeta desses astros.
Fim da controvérsia
A definição de um conceito preciso de planeta põe fim a essa controvérsia e cria critérios precisos para a classificação dos astros. “A decisão dá um caráter científico à definição de planeta, estabelecendo as características físicas necessárias para que um astro corresponda a essa condição”, avalia o cosmólogo Martín Makler, do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas. No entanto, ele não está plenamente de acordo com a definição adotada não é totalmente baseada em princípios científicos. “O que diferencia um planeta de um planeta anão não está claro. Não foi estabelecida uma razão física dessa linha divisória. Na outra definição, esses fatores estavam muito mais claros”, opina.
Na opinião do astrônomo Alexandre Cherman, da Fundação Planetário do Rio de Janeiro, a decisão vai tornar menos subjetiva a classificação de novos astros que venham a ser descobertos no Sistema . Cherman cita o exemplo de Plutão para ilustrar seu argumento. “Desde sua descoberta, ele foi anunciado como um novo planeta, mas não houve tempo suficiente para que os especialistas analisassem a proposta com rigor. Acredito que o marketing colocado no anúncio foi decisivo para que ele alcançasse esse status ”.
Atmosfera de Plutão pode ter duplicado em 14 anos
20 de julho de 2002, Pico dos Dias/MG. Telescópios ajustados, pesquisadores a postos: tudo pronto para a observação do raro momento em que Plutão oculta a estrela P126 . O fenômeno ocorre quando o planeta passa na frente da estrela e oculta sua luz. Essa é a hora ideal para se estudar a misteriosa atmosfera do mais distante planeta do Sistema Solar: ela fica visível nessa ocasião devido à incidência da luz da estrela. Pena que não se faz ciência só com especialistas e equipamentos de última geração. É preciso também sorte -- coisa que os brasileiros não tiveram.
Naquele dia o tempo fechou e não foi possível ver o fenômeno do observatório mineiro, que é mantido pelo Laboratório Nacional de Astrofísica de Itajubá (LNA). Rodrigo Campos, matemático do LNA que opera os telescópios brasileiros, e dois astrônomos -- o francês Stefan Renner e o argentino René Duffard, do Observatório Nacional do Rio de Janeiro -- estavam lá e lamentaram a falta de sorte.
Observatórios no Brasil, Argentina, Peru, Equador, Venezuela e África do Sul formaram uma rede internacional para estudar o fenômeno, sob a coordenação dos astrônomos Bruno Sicardy (Observatório de Paris) e James Elliot (Instituto de Tecnologia de Massachusetts, EUA). No entanto, apenas na cidade chilena de Arica os cientistas conseguiram captar as preciosas imagens da atmosfera de Plutão, até então observada uma única vez, durante a ocultação estelar de 1988.
Os resultados da análise foram publicados em 10 de julho na revista Nature , em dois artigos, um deles com a co-autoria de Campos e Duffard. Os cientistas concluíram que a atmosfera de Plutão dobrou de tamanho nos últimos 14 anos, o que contraria a expectativa de que ela iria congelar e entrar em colapso devido ao afastamento do planeta em relação ao Sol no mesmo período.
"Se Plutão não tivesse atmosfera, o brilho da estrela cairia abruptamente quando ele passasse na frente dela", explicou Duffard à CH on-line . "Na presença de gases atmosféricos, essa queda é gradual porque a luz da estrela é parcialmente barrada." Assim, quanto maior a atmosfera, mais tempo o planeta leva para ocultar o brilho da estrela. Como esse brilho demorou a desaparecer, os cientistas inferiram que a camada atmosférica de Plutão aumentou. No entanto, ainda não há explicação precisa que justifique esse aumento.
Em virtude da distância, do tamanho e da peculiaridade da órbita de Plutão, ainda há muito que descobrir sobre ele. "A variação no desvio da luz estelar dá pistas sobre a espessura, temperatura, pressão e composição da atmosfera", conta Duffard. Porém, tudo o que se pode afirmar até agora é que ela contém nitrogênio, água e metano.
Além de desvendar os mistérios do planeta mais frio e distante do Sol, a possibilidade de Plutão conter características que ajudem a explicar a formação do Sistema Solar tem estimulado a colaboração internacional. O Brasil já conta com cientistas e equipamentos de ponta. Quem sabe na próxima vez que for possível observar uma ocultação o tempo ajude.
Naquele dia o tempo fechou e não foi possível ver o fenômeno do observatório mineiro, que é mantido pelo Laboratório Nacional de Astrofísica de Itajubá (LNA). Rodrigo Campos, matemático do LNA que opera os telescópios brasileiros, e dois astrônomos -- o francês Stefan Renner e o argentino René Duffard, do Observatório Nacional do Rio de Janeiro -- estavam lá e lamentaram a falta de sorte.
Observatórios no Brasil, Argentina, Peru, Equador, Venezuela e África do Sul formaram uma rede internacional para estudar o fenômeno, sob a coordenação dos astrônomos Bruno Sicardy (Observatório de Paris) e James Elliot (Instituto de Tecnologia de Massachusetts, EUA). No entanto, apenas na cidade chilena de Arica os cientistas conseguiram captar as preciosas imagens da atmosfera de Plutão, até então observada uma única vez, durante a ocultação estelar de 1988.
Os resultados da análise foram publicados em 10 de julho na revista Nature , em dois artigos, um deles com a co-autoria de Campos e Duffard. Os cientistas concluíram que a atmosfera de Plutão dobrou de tamanho nos últimos 14 anos, o que contraria a expectativa de que ela iria congelar e entrar em colapso devido ao afastamento do planeta em relação ao Sol no mesmo período.
"Se Plutão não tivesse atmosfera, o brilho da estrela cairia abruptamente quando ele passasse na frente dela", explicou Duffard à CH on-line . "Na presença de gases atmosféricos, essa queda é gradual porque a luz da estrela é parcialmente barrada." Assim, quanto maior a atmosfera, mais tempo o planeta leva para ocultar o brilho da estrela. Como esse brilho demorou a desaparecer, os cientistas inferiram que a camada atmosférica de Plutão aumentou. No entanto, ainda não há explicação precisa que justifique esse aumento.
Em virtude da distância, do tamanho e da peculiaridade da órbita de Plutão, ainda há muito que descobrir sobre ele. "A variação no desvio da luz estelar dá pistas sobre a espessura, temperatura, pressão e composição da atmosfera", conta Duffard. Porém, tudo o que se pode afirmar até agora é que ela contém nitrogênio, água e metano.
Além de desvendar os mistérios do planeta mais frio e distante do Sol, a possibilidade de Plutão conter características que ajudem a explicar a formação do Sistema Solar tem estimulado a colaboração internacional. O Brasil já conta com cientistas e equipamentos de ponta. Quem sabe na próxima vez que for possível observar uma ocultação o tempo ajude.
segunda-feira, 16 de novembro de 2009
Água na Lua!

Finalmente saíram os primeiros resultados da sonda LCROSS, que se espatifou contra a Lua no dia 9 de outubro. E eles são fantásticos! Como você já leu aqui mesmo no G1, existe sim água na Lua e não é só aquele “orvalho” produzido pelo Sol em quantidades ínfimas, são “baldes e baldes” de acordo com Anthony Colaprete, cientista do projeto.
Se você não se lembra, o último estágio do foguete que lançou a sonda LCROSS se chocou contra a Cratera Cabeus no polo sul da Lua com a intenção de levantar uma pluma de destroços e vapor do material no solo dessa cratera. Nos polos da Lua, algumas crateras, em especial suas beiradas, nunca viram a luz do Sol e a esperança é que nelas existisse água proveniente de impactos de cometas. Como nunca bate Sol por ali, o gelo trazido por esses cometas ainda estaria ali, desde que chegaram, talvez há bilhões de anos.
Com o impacto do estágio do lançador, chamado Centauro, a nuvem de destroços foi estudada por espectrógrafos da nave e dos principais observatórios do mundo. O espectro da nuvem mostrou assinaturas inconfundíveis da presença de água.
Por enquanto, apenas os espectros obtidos pela sonda foram analisados e apenas a água foi reportada. Os espectros no infravermelho obtidos pela LCROSS foram comparados aos espectros de laboratório, onde as amostras continham água. A semelhança entre ambos indicou que deveria haver água.
Mas teria de haver uma confirmação independente: se houvesse água nesta nuvem, deveria haver uma assinatura da presença de hidroxila (OH) proveniente da dissociação dela. E o OH estava lá, desta vez nos espectros do ultravioleta. “Ficamos todos extasiados”, disse Colaprete na sexta-feira (13), que se tornou uma data histórica.
Ainda deve vir mais coisa por aí. As análises por enquanto focavam a detecção de água, objetivo maior do projeto. Mas como o material da cratera é originário de cometas, mais substâncias devem ser identificadas, quem sabe até hidrocarbonetos complexos. Mas isso é chute meu.
A presença de água na Lua traz novas perspectivas para os projetos de se estabelecer uma base permante. Isso porque esse gelo poderá ser usado para abastecer essa base, mas também para se produzir oxigênio e hidrogênio, tanto para os astronautas, como para combustível de foguetes.
Neste ano da astronomia, em que celebramos o trabalho de Galileu, a descoberta não deixa também de ser irônica. Galileu foi o primeiro a afirmar que não havia água na Lua. Até sua época, as manchas escuras da Lua eram tidas como grandes mares de água, tanto que se chamam mares (ou “maris” em latim); a Apolo 11 pousou no Mar da Tranquilidade, por exemplo. Curiosidades à parte, um resultado importantíssimo!
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Queda recorde no ritmo do desmatamento foi causada pela crise, diz especialista
Devastação na Amazônia foi de 7 mil km² em um ano, queda de 45%.
Roberto Smeraldi afirma que agropecuária não desmatou nesse período.
A queda de 45% no ritmo de desmatamento da Amazônia, divulgada pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) nesta quinta-feira (12), foi causada principalmente pela crise econômica, avalia o diretor da ONG Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, Roberto Smeraldi.
Ele comemora os números, mas afirma que a demanda por produtos agropecuários caiu muito, desestimulando fazendeiros a abrir novas áreas na floresta. “A conjuntura do período em que isso [o desmatamento] foi medido foge muito à normalidade. Um ano assim acontece a cada duas décadas.”
O levantamento divulgado pelo Inpe foi realizado entre agosto de 2008 e julho de 2009, e coincide com o período em que a economia brasileira registrou maus resultados por causa da crise econômica.
“Fecharam ou suspenderam as atividades 16 frigoríficos na Amazônia. Outros que funcionam trabalham abaixo da sua capacidade de abate”, afirma Smeraldi.
Entenda melhor:
Desmatamento na Amazônia segue preços de soja e carne, diz Imazon
Segundo o diretor da Amigos da Terra, os 7 mil km² de desmatamento foram causados principalmente por especulação de terras e por assentamentos de reforma agrária. “Há pessoas que desmatam na expectativa de vender a terra, de conseguir regularização fundiária, como ocorre na rodovia BR-163 [Cuiabá-Santarém].”
Smeraldi afirma que cada assentado desmata pouco, mas eles são muito numerosos. “A pessoa desmata para comer o feijãozinho dele. Em geral, é um hectare por ano, ou menos, mas no governo Lula foram levadas aproximadamente 2,2 milhões de pessoas para a Amazônia”, diz.
A exploração de madeira não tem impacto imediato nas estatísticas, segundo o especialista, já que nessa atividade não há destruição total da floresta, fazendo com que o sistema Prodes – que mede a devastação anual – não leve essas áreas em consideração.
Desvio para o Cerrado
O diretor da ONG também alerta para a desvio da devastação para o Cerrado, que estaria perdendo espaço para pastos e plantações. “Não podemos fechar os olhos. Isso pesa em termos de emissão de carbono, de perda de biodiversidade, de [poluição da] água”, afirma.
globoamazonia@globo.com
Roberto Smeraldi afirma que agropecuária não desmatou nesse período.
A queda de 45% no ritmo de desmatamento da Amazônia, divulgada pelo Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) nesta quinta-feira (12), foi causada principalmente pela crise econômica, avalia o diretor da ONG Amigos da Terra – Amazônia Brasileira, Roberto Smeraldi.
Ele comemora os números, mas afirma que a demanda por produtos agropecuários caiu muito, desestimulando fazendeiros a abrir novas áreas na floresta. “A conjuntura do período em que isso [o desmatamento] foi medido foge muito à normalidade. Um ano assim acontece a cada duas décadas.”
O levantamento divulgado pelo Inpe foi realizado entre agosto de 2008 e julho de 2009, e coincide com o período em que a economia brasileira registrou maus resultados por causa da crise econômica.
“Fecharam ou suspenderam as atividades 16 frigoríficos na Amazônia. Outros que funcionam trabalham abaixo da sua capacidade de abate”, afirma Smeraldi.
Entenda melhor:
Desmatamento na Amazônia segue preços de soja e carne, diz Imazon
Segundo o diretor da Amigos da Terra, os 7 mil km² de desmatamento foram causados principalmente por especulação de terras e por assentamentos de reforma agrária. “Há pessoas que desmatam na expectativa de vender a terra, de conseguir regularização fundiária, como ocorre na rodovia BR-163 [Cuiabá-Santarém].”
Smeraldi afirma que cada assentado desmata pouco, mas eles são muito numerosos. “A pessoa desmata para comer o feijãozinho dele. Em geral, é um hectare por ano, ou menos, mas no governo Lula foram levadas aproximadamente 2,2 milhões de pessoas para a Amazônia”, diz.
A exploração de madeira não tem impacto imediato nas estatísticas, segundo o especialista, já que nessa atividade não há destruição total da floresta, fazendo com que o sistema Prodes – que mede a devastação anual – não leve essas áreas em consideração.
Desvio para o Cerrado
O diretor da ONG também alerta para a desvio da devastação para o Cerrado, que estaria perdendo espaço para pastos e plantações. “Não podemos fechar os olhos. Isso pesa em termos de emissão de carbono, de perda de biodiversidade, de [poluição da] água”, afirma.
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