São cinco dias, a partir de hoje, sempre às 18h30 no aufit´rio pequeno da Culturgeste, em Lisboa. Cinco conferências que tomam o nome do livro que acaba de sair :«Evolução e Criacionismo - uma relação impossível». Esta série de palestras baseia-se, aliás, no livro com o mesmo título da autoria dos palestrantes e que trata o passado histórico deste conflito e o modo como a história se repete, discute as razões pelas quais a evolução tem sido tão mal-interpretada e tão combatida por certos sectores da sociedade e explica a evolução de modo resumido e simples, dando exemplos de evolução observada de facto e esclarecendo alguns mal-entendidos comuns. Sã palestrantes Teresa Avelar, Gonçalo Jesus, Augusta Gaspar, Frederico Almada, Octávio Mateus e Margarida Matos. Hoje o tema é: História das relações entre criacionismo e evolucionismo por Teresa Avelar (Universidade Lusófona).
Os autores do livro - Augusta Gaspar, Teresa Avelar, Octávio Mateus e Frederico Almada - explicam a sua razão de ser no seguinte texto: «Porquê, no início do século XXI, um livro em Portugal sobre a aceitação da evolução? Não é a Evolução já suficientemente conhecida, uma realidade que dá unidade às ciências biológicas? Sim, claro que sim! Há ainda realmente na nossa sociedade quem acredite que os organismos vivos foram criados em 6 dias como relata o livro do Génesis? A resposta é sim. Mas isso não seria um problema para a ciência e para a sociedade se os actuais movimentos de Criacionismo Científico, não estivessem empenhados em redefinir e subjugar a ciência a uma percepção da realidade baseada nas Escrituras, tendo tomado como principal alvo a derrubar - a evolução das espécies! Tentando fazer passar religião por ciência, usam como máscara teorias alegadamente científicas que oferecem como alternativas à teoria da evolução.
Comprometem a ciência, pois esta explica a realidade por processos naturais. Alguns dos seus patrocinadores nos EUA, já assumiram publicamente ser o seu fim último, promover uma sociedade, onde leis, ensino e ciência (!) se baseiam na Bíblia. Ou seja, reverter as conquistas da secularização. Socorrem-se de toda a espécie de recursos e meios de divulgação. Têm criado muitos problemas no ensino da Biologia nos EUA, invadiram a Europa há alguns anos e começam agora a movimentar-se em Portugal.
Neste livro relata-se a a história do Criacionismo Científico até à conclusão da escrita do livro em Junho de 2007. Descrevem-se os vários movimentos criacionistas e apresentam-se alguns dos seus principais proponentes, ideias e estratégias de divulgação. Por outro lado, apresenta-se uma síntese da evolução darwiniana, como é entendida actualmente, incluindo as modificações e debates mais recentes em biologia evolutiva.
Esclarecem-se as principais objecções levantadas publicamente pelos movimentos criacionistas contra a Teoria da evolução, repondo a realidade com factos e exemplos que ao mesmo tempo tornam a compreensão da evolução acessível a todos. Analisam-se deturpações comuns da evolução darwiniana usadas para justificar práticas moralmente condenáveis como a discriminação baseada na raça, no género ou na espécie. E, dado que para muitos, a resistência em aceitar a evolução, resulta sobretudo de um receio de perda das referências morais (que só poderiam ser ditadas pela religião), mostra-se como as ciências do comportamento e a Antropologia acumulam evidência de que os humanos têm disposições naturais para a moral, desenvolvidas durante a sua evolução biológica. E é em consequência disto que não é preciso ter medo da evolução».
Programa das conferências:
Segunda 8 História das relações entre criacionismo e evolucionismo por Teresa Avelar (Universidade Lusófona) Terça 9 Muitos criacionismos e a efervescência actual do Criacionismo Científico por Gonçalo Jesus e Augusta Gaspar (Universidade Lusófona) Quarta 10 Alguns Erros do Criacionismo Científico Explicados e Corrigidos por Frederico Almada (Universidade Lusófona) e Octávio Mateus (Museu da Lourinhã) Quinta 11 O que nos ensinaram duas décadas de evolução experimental em Drosophila? por Margarida Matos (Universidade de Lisboa) Sexta 12 Uma história evolutiva da Ética humana por Augusta Gaspar (Universidade Lusófona)
Comentários
Mauro, em 2009-06-17 às 01:41, disse:Não Manuela, é a ignorância e a surdez intelectual dos criacionistas e religiosos em geral que tornam o diálogo difícil.
Manuela Fonseca, em 2009-06-15 às 10:24, disse:Custa-me compreender que no séc.XXI se tenha medo do criacionismo, será que o evolucionismo tem poucos argumentos para contrapor ao criacionismo? Será que é necessário proibir falar do criacionismo, porque afinal não temos argumentos suficientes, de que temos tanto medo?
Ernesto Martins, em 2007-11-27 às 22:38, disse:Quero felicitar a equipa de autores pelo livro absolutamente magnífico. A abordagem não tem nada de preconceituoso (como o Sr. Cardoso sugeriu). Aliás, preconceito é algo que o método cientifico desconhece. Essa forma de desonestidade é mais própria do pensamento dogmático característico dos criacionistas.
cardoso, em 2007-11-10 às 15:40, disse:Acho bem que se escreva sobre o tema. Socialmente não deixa de continuar a ser fracturante. Tenho pena é que gente que se diz tão intelectual aborde o tema de forma preconceituosa. O tema é demasiado complexo. Não é intelectualmente honesto escrever um livro a defender uma tese que à partida já se tem como inquestionável. Isso é apologética laicista! Lamento dizê-lo, mas parece-me que os intelectuais crentes têm hoje em dia a mente bem mais aberta e arejada que certas pessoas que se armam em paladinos da maturidade racional. Os laicitas, no que toca à atitude de intolerância, são actualmente os herdeiros mais fiéis da igreja inquisitorial. Uma vergonha!!!
António Godé, em 2007-10-25 às 14:13, disse:Acabei há dois dias de ler o livro e fiquei chocado com tudo o que nele é denunciado. Não fazia ideia. O cerne da questão reside em como conseguir que autênticos "vendedores de banha da cobra" saltem para a ribalta da comunicação e do ensino, colocando-se par a par com a ciência, a cultura, a descoberta da verdade e a educação. Estamos todos a lidar com vendilhões sob a forma de "criacionistas". Proponho um título para o vosso próximo livro: Como é que a ciência se pode defender da fraude criacionista? Investigando e informando.
Paulo Lobo, em 2007-10-24 às 21:42, disse:Este debate é essencial para a percepção da evolução e criacionismo e deveria ser mais alargado e abrangente. Conhecer é hoje em dia essencial para evoluir em sociedade.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário